A primeira vez....
Acho que todos nós temos imensas "primeiras vezes"....tantas, que nem sequer vou começar a anunciar alguns exemplos....
São memórias que nos ficam para sempre, agarradas, tatuadas (esta foi gira...), presas a nós e que nos acompanham, umas doces, outras suaves, outras nem por isso...umas para aprender e não repetir, outras a servirem de exemplo.
Lembro-me como se fosse hoje a primeira vez que as agulhas rasgaram a minha pele e nela deixaram tinta.
5 de Outubro de 1999.
Sexta feira, dia de estreia do primeiro filme da saga "Guerra das Estrelas", que fui ver agarrado ao penso....
Em Espinho (vivia no norte na altura..) e com o Sandro e a Ancke, alemães, donos de um estúdio à beira da estação de comboio, com vista para o mar, que na altura já começava a mostar as marés vivas que pronúnciam a chegada do Inverno.
Também deles não me hei-de esquecer. O Sandro, belíssimo tatuador, com grande parte do corpo coberto com desenhos verdadeiramente artísticos, oriundo de Dresden e a Ancke, como seu cránio sem cabelo, rapadinho, a mostrar os desenhos que o envolviam, oriunda de Munique....conheceram-se aquando da queda do muro de berlim e vivem uma história de amor desde então. Ele tatuador, ela especialista em piercings...
Eu estava tão ansioso.....pode parecer um lugar comum dizer isto, mas não era uma ansiedade "normal", do tipo que já vi em tanta gente que faz tatuagens por razões que me abstenho de comentar (quer dizer, não abstenho nada, estúpidos da merda, que marcam a pele porqu....calma, já passou! respira fundo...). Eu estive anos e anos a programar aquele momento...não a ganhar coragem, porque não acho que seja uma questão de coragem, mas sim a escolher e a esperar o momento certo, as razões certas, o desenho correcto!
Muitas vezes me apaixonei (e continuo a faze-lo) por desenhos de tatuagens de todo o género e feitio, mas por A+B, não são aqueles que em mim faria...ou as razões são as certas mas não encontro o desenho ideal, ou isto, ou aquilo....em Setembro de 1999 finalmente cheguei ao ponto em que tudo estava no seu sitio correcto, e fiquei tão, tão contente.....
andei então à procura daqueles (com o risco de ser arrogante....) que fossem dignos de me marcarem para sempre, pois também eles me iriam acompanhar para o resto da vida....hoje em dia tanta, mas tanta malta mesmo faz tatuagens, e já encontrei tantos tatuadores que apesar de serem bons profissionais, não têm o devido respeito por esta arte milenar...
encontrei-os pois, os alemães, e com eles passei vários dias em conversa, a perceber o que faziam e como o fazia, o porquê, a qualidade do trabalho, a higiene da coisa, enfim, a conhece-los....
e decidi....
suei tanto de excitação e de entusiasmo, ri tanto...fiz tantas perguntas...
o barulho da máquina (zzzzz....zzzzz...zzzzzz) é tão viciante, e cada vez que que parava para colocar mais tinta, mais a minha crescente excitação se tornava evidente...
Até estar completo, até eu ver no espelho, até eu ver em mim mesmo aquilo que tanto tempo esperei e sonhei.....
Esta minha primeira vez foi memorável e o sorriso que faço agora, quando escrevo estas linhas, é tão grande como aquele que fiz quando sai de lá e me senti....mais eu!
ps. e não doeu nadinha....foi num local com bastante carne, normalmente aí não doi, mas também acho que se fosse noutro local qualquer, não sentia nada mesmo.....
4 Comments:
Bem menino Moko... estou á espera de saber que local foi esse... é que há tanto lugar, no homem, com muuuuuita caaaaarne! bom fin de semana e beijinho suave (lá mesmo em cima da tattoo)
Não doi mesmo... Não se sente... Só se escuta o barulho da máquina... Como uma música suave... Também me lembro bem... 9 de Agosto de 2001...
Beijinhos
P/amanda: ai menina, foste querida..que bem que me soube esse teu beijo suave, huuuummmmm...beijo
P/aninha: e eese barulhinho é tão, tão viciante, não é? inibriante mesmo...beijinho
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