Para ti....(3/2...pois...)

Cheguei....

Bar á pinha, dois dedos de conversa com o porteiro e gerente, já sei que podes sair quando quiseres, quando cá estou tens tolerância de ponto.....

Adoro chegar ao balcão, tu mimas-me muito...o meu bacardi cola lá em cima, pequeno guardanapo por baixo e um marca de baton lá marcada no copo.. um espacinho vazio para mim e um beijo assolapado, só um... que muito me incha o ego masculino, dá sempre cabo de algumas pretensões....

Vamos embora... – “olha, deixei o quarto meio preparado, tens de esperar um pouquinho antes de entrar...”, “ok, vestes-te sozinha?”, “sim...”, “ok...”

O quarto

Fui-me vestir ou melhor despir na casa de banho, tirei a roupa e apenas vesti umas calças de fato–de-treino, largas, verde escuro. Alem disso, apenas o fio que fizemos em conjunto e o meu inseparável anel. Tenho comigo a caixa onde tenho tudo o que preciso. Espero.

A voz...”o menino aí com pouca roupa, entre sff...”. Entro.
O teu quarto está, como sempre, lindo...os panos das feiras de artesanato, castanhos, laranjas, vermelhos e negros espalhados por todo o lado, as almofadinhas pelo chão....puseste as nossas velas por todo o lado, a única luz que existe é essa, reflectida por pequenos vidros de cores diversas.....o incenso que queima é novo, não conheço, mas é inebriante....a cama e chão cheios das rosas de pano vermelho, bordeaux e preto que compramos.....isto está tão bom.....
Estás vestida apenas com a camisa de noite que te dei, de seda, bordeaux, que te fica um pouquinho abaixo das ancas...presa por essas alcinhas que se te colam aos ombros...molhaste o cabelo, tens duas, tres gotinhas que te escorrem pelo pescoço....e estás sentada no cadeirao de verga que falamos, de perna cruzada, pronta para assistir....

Vou-me tatuar para ti...

Tiro as calças, fico nu...sento-me na cama, de lado, poiso a caixa, de onde tiro os meus diversos marcadores de feltro....todos pretos, mas com diferentes pontas, que originam diversos tipos de traços. Tenho marcadores de pontas muito finas para contornos, outros médios...tenho com pontas que desfiz um pouco para puder fazer sombras e tenho largos, para preencher largas zonas....

Ponho-me em pé e vou começar....tu ris-te assim que me levanto e me ponho de frente para ti...e eu sei porque....


Tínhamos falado só em motivos tribais, maoris talvez, e é só isso que vou fazer...começo por desenhar com leves traços, caneta de ponta fina, na zona da anca, sobre o quadril direito....desde a parte superior frontal da coxa, passando pela cintura, subindo um pouco pela barriga e apartir dai, desenvolvo o desenho para os lados...a caneta desce naturalmente, devagar, pois aqui não se apaga, não há muita margem de erro...chego naturalmente a zonas com mais cabelo, onde a caneta tem dificuldade em riscar mas parece que achas piada que eu chegue tao perto....no lado oposto apenas chego até perpendicularmente ao ombro.

O desenho fica cada vez mais bonito à medida que cresce, e os tribais tem essa vantagem, geridos com alguma mestria, tem sempre ponto para crescer....

Pinto agora com o marcador mais grosso, já depois de ter feito algumas sombras e ficou realmente muito bem esta mancha de tinta desenhada no sitio onde ficou...vou fazer outra no lado oposto...e começo apartir do meu centro. A tinta vai-se espalhando por mim acima e acabo por tentar fazer uma cópia da primeira, mesmo sitio, mesmos contornos....ficaram muito bem as duas.. sexy’s acho...se tivesse calções vestidos, apenas se viam as pontas negras a sair ligeiramente... despertando a curiosidade acerca de até onde aquilo iria...

Passo para o braço direito e começo a desenhar longas setas negras ao longo do mesmo, com recortes muito bem definidos, a fugir para a parte de dentro, acabo por acabar perto do cotovelo.. abaixo disso, só mesmo por dentro.. fujo para os ombros, por cima, dou a volta, desenho ate onde não posso mais.. volto a fugir, desta feita para o peito, do lado de fora dos peitorais....e fica tão bem quando levanto o braço para cima totalmente, a distorção da pele gera ondulações no desenho que não são de todo previsíveis. .fica fluido, parece fazer parte de mim....


Reparo agora que já não tens as pernas cruzadas...


Vou pintar o braço esquerdo, provavelmente este de modo diferente, tribal, mas diferente.....recomeço...a cada traço me sinto mais completo, e acima de tudo, mais perto de ti e tu de mim....o tempo passa, os cheiros vão tomando conta de nós, a tinta vai correndo....estou geometricamente tatuado para ti, para os teus olhos..
- “Nada mais consigo pintar, não vou fazer muito nas pernas e as costas e nádegas não chego la....gostas?” - e tu ris suavemente... e a camisa de seda bordeaux que te dei tá encostada a ti.....e está um pouquinho mais escura....-“dá-me uma caneta e deita-me de barriga para baixo..” – dizes – “..agora sou eu que te tatuo....as costas, o rabo, as pernas.. depois.. depois vou-te limpar todo com algodão, alcóol e creminhos....mas agora... agora vou sentar-me em cima de ti e vou-te amar com a ponta de uma caneta, meu amor....”


Fim.