Lighthouse...

Farol.

Procuro um farol...uma luz que ilumine a minha escuridão!

Faz-me falta...uma referência, um indício, uma linha orientadora, uma força, uma estrela no céu negro, uma razão para levar o meu barco a um bom porto de abrigo. Estou farto de lutar entre águas violentas, mares revoltos, marés contrárias e ventos que fustigam as velas deste meu barco que com sacrifício vou construíndo e orientando sem bússola....
Preciso de mares calmos, tranquilos, de cores azuis celestes, banhados pelo sol e pelas sombras das gaivotas por ele projectadas...e para isso, preciso de algo que não sei o que é, pois sozinho não estou a conseguir...

Acho que todos nós, errantes marinheiros, temos imensas dificuldades neste mar chamado vida. Todos nós navegamos à procura de paz e conforto, seja em barcos feitos por nós, com sacrifício, seja em barcos que nos vêm parar às mãos..todos nós procuramos a tripulação certa para nos acompanhar nestas jornadas de fim incerto...todos nós queremos que o nosso barco seja o melhor de todos, ou pelo menos, seja o melhor para nós mesmos....e todos nós queremos e procuramos ser capazes de passar os nossos conhecimentos sobre o mar, as estrelas, os códigos de conduta e respeito àqueles que de nós nasceram, pois são eles os herdeiros do nosso barco...

Para isso, todos temos de ter um farol...e eu não consigo encontrar o meu....

Não está fácil!!

Tenho cada vez menos esperança de o encontrar e menos força para o procurar....sim, eu sei...eu sei que não basta pegar num barco qualquer, levantar vela e voilá, eis um farol.... e precisamento por o saber que o procuro há tanto tempo, contra as marés que contra o meu casco esbarram...sei perfeitamente que na maior parte das vezes as rotas que tomo e tomei estão longe de ser as ideais, estou longe de ser um marinheiro sagaz..sei que muitas das vezes reajo por instinto, por impulso, quando devia pautar a minha navegação por calma, inteligencia e perspicácia..eu sei....mas sou assim...apesar de saber as regras do mar, não consigo negar a minha natureza...bem tento, mas...

Eu sei que quando se navega existem muitas contrariedades...mas, por outro lado, muitas são compensadas ou minimizadas por factores positivos...ninguém gosta de navegar sozinho, mas se o barco for bom e deslizar à tona da água, rápido e suave, tão rápido que as gotas da espuma provocada pelo embate do casco nem têm tempo para se colar á nossa face, queimada pelo sol e sal, a solidão que se sente pode ser enfrentada com algum ânimo....se o barco fôr mau, tão mau que somos o alvo preferencial da chacota dos marinheiro de grande veleiros e catamarâns, mas se a nossa imediata ou capitã fôr aquela que sempre quisemos ter, os tempos que se advinham difíceis são encarados de outro modo, pois é com ela que quero navegar, nos calmos mares e nas tempestades tropicais, a bonança há-de chegar!

E se reparamos que nada temos?

E se repararmos que lutamos e nada conseguimos?

E se olharmos para cima e vermos que as nossas velas estão rasgadas, pouco ou nada temos para as cozer, os remos estão meio partidos e não vemos um porto de abrigo...ao largo...pelo qual devemos fazer das fraquezas força para o atingir? Pelo qual despimos a roupa para cozer as velas, arrancamos cabelo para o fazer, remamos com remos partidos como se fossem remos olímpicos...porque ali...está o nosso farol?

Preciso, procuro um farol...uma luz que ilumine a minha escuridão!